“Tornamo-nos
animais selvagens. Não combatemos, defendemo-nos da destruição. Sabemos que não
lançamos as granadas contra homens, mas contra a Morte, que nos persegue, com
as mãos e capacetes. Pela primeira vez em três dias, conseguimos vê-la cara a
cara; pela primeira vez em três dias, podemos nos defender contra ela. Uma
raiva louca nos anima, não esperamos mais indefesos, impotentes, no cadafalso,
mas podemos destruir e matar para nos salvarmos… e para nos vingarmos.
Escondemo-nos, abaixados atrás de cada canto, por trás de cada defesa de arame
farpado, e, antes de corrermos, atiramos montes de granadas aos pés dos
inimigos que avançam. O estampido das granadas de mão repercute poderosamente
nos nossos braços e pernas. Corremos agachados como gatos, submersos por esta
onda que nos arrasta, que nos torna cruéis, bandidos, assassinos, até demônios;
esta onda que aumenta nossa força pelo medo, pela fúria e pela avidez de vida,
que procura lutar apenas pela nossa salvação. Se seu próprio pai viesse com os
do outro lado, você não hesitaria em atirar-lhe uma granada em pleno peito.”
Erich
Maria Remarque
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